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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Reflexões... Alimentação... Tempo com os filhos...

Ontem estive num workshop em que se falava na geração do milénio e da facilidade com que transmite informações... A rapidez com que se criam modas, correntes e (pseudo-)verdades... A facilidade com que se julgam pessoas na "praça pública" por opções que fazem mas suas vidas e das suas famílias...

Uma das "guerras" mais compradas são sobre a alimentação, a nossa e a dos nossos... Estamos sempre a ser "vigiados" e "avaliados" por alguém... Não me refiro apenas a quem expõe o que faz (ou não) numa qualquer rede social ou blog, mas a qualquer pessoa que no seu dia-a-dia come (seja um almoço ou um lanche) na presença de outras pessoas... O filtro está lá, muitas vezes apresentado com fundamentalismos...

Relacionado com isto, tenho visto uma série de "ataques" aqui e ali a quem é apologista de alimentação saudável/variada, e é "apanhado" em "contradições"...

Aconteceu num post de um blog que tenho visitado, e o que era um post da Catarina sobre "O encanto da imperfeição" em que numa fotografia se mostrava 2 miudos e ums bebé, num jantar daquela família, em que os miudos estavam com gadgets e phones, um tinha bolinhas coloridas no prato, e a bebé estava (aparentemente) a chorar...

Com base nesta imagem surge um comentário, como ouço várias vezes: "Como é que uma apologista das coisas saudáveis permite que os filhos vejam videos enquanto comem ??? sabe o mal que isso lhes faz ? não falam um com o outro enquanto jantam ??? jantam m&m ??
peço imensa desculpa, mas a imperfeição, neste caso, tem muito pouco encanto."

Não interessa o que comeram, interessa que estão bolinhas coloridas no prato... Não interessa quanto tempo estiveram juntos, o quanto falaram e partilharam do seu dia, interessa que estão à mesa a prestar atenção aos gadgets...

E aqui entra o que vi no post da Carla: "Hoje acredito que passar mais tempo com a criança , mesmo sem estar sempre a brincar com ela , mesmo sem estar sempre a fazer alguma atividade com ela é mais benéfico do que lhes dedicar aqueles minutos diários em exclusivo . Não sei se me fiz entender , mas muitas vezes só o fato de as nossas crianças saberem que nós estamos ali , que nós os observamos mas os deixamos livres de escolhas lhes dá uma certa autonomia ."


No blog da Catarina, houve de seguida um esclarecimento acerca das bolinhas coloridas e acerca de, apesar de ser defensora de uma alimentação saudável, não ser fundamentalista, o que me levou ao post em que fala da alimentação dos seus miudos... e lá vêm alguns comentários que a mim, pessoalmente, caem mal... Neste não resisti e tive mesmo que comentar...

O meu comentário, que a Catarina transformou em post, foi:

"Eu sou mesmo uma “má mãe”…
Em casa tenho à disposição baldes de chupa-chupas (daqueles que normalmente os cafés têm em exposição), e quando digo à disposição não é tenho me casa, é tenho em casa em locais que tanto a mais velha como o mais novo conseguem aceder sem necessitarem de ajuda, e quem diz chupa-chupas, diz chocolate e rebuçados… Sim, sou uma “mãe desmiolada e sem principios para defender a alimentação dos filhos” chamem a proteção de menores!
Agora vamos ver o reverso da medalha…
1 – Nenhum dos dois pega em goluseimas sem pedir autorização (nunca ninguém lhes impôs nada nesse sentido);
2 – Sabem qual o sabor dos doces
3 – Sabem como comer um rebuçado sem se engasgarem
4 – Quando estão com alguém que lhes ofereça uma goluseima optam por aceitar ou não, e não comem “sofregos” por saberem que fora dali não poderão comer…
Além disso, dificilmente comem um chupa/rebuçado/chocolate até ao fim…
Agora o lado de “mãe extremosa”…
1 – Há sempre fruta disponível, e além de estar disponivel, são sempre consumidas alguma peças de fruta, diariamente pelas crianças…
2 – A fruta é preferencialmente de origem biológica… (ou de origem dita biológica)
3 – Os legumes consumidos em casa são biológicos, são de época, são frescos, com garantia de produção própria…
Há sempre um pouco de tudo no prato, em casa, disponivel… Com base na roda dos alimentos… Não há o “não gosto não como”, mas sim o “não gosto, como menos”… Há bom senso e não radicalismos nem fundamentalismos…"

E como estas coisas de vida de mãe, alimentação e interação com os miudos (tempo vs. tempo de qualidade) estão todas interligadas, não podia deixar de dizer qual o meu ponto de vista em relação ao tempo...

Quando possivel, acho mais importante o tempo em quantidade! É o verem-nos e o acompanharem-nos que faz com que percebem quem somos, como somos, o que fazemos...
Mas...
Claramente o tempo que, pelo menos, quem trabalha fora e está pelo menos 9 horas fora de casa é insufuciente para estar com os miudos. No meu caso, nos dias da semana passo 10 horas fora de casa, mais o tempo de levar/buscar à escola... Durante a semana, o meu tempo é insuficiente com eles...

Mais uma vez, as máximas que me regem são equilibrio e bom senso, aplicável à minha familia.
Há dias em que planeamos algo, outros não. E são bem mais os dias em que não planeamos nada...

Não tem que haver sempre uma atividade!
Aos fins de semana, quando há mais tempo disponivel, costumamos ir tratar da horta, às vezes tratam da horta connosco, outras vezes estão alí ao lado a brincar na caixa de areia, ou no baloiço, ou no escorrega... e como somos "irresponsáveis" não está nenhum adulto a vigia-los...
Somos memso "horríveis"... Deixamos que tenham liberdade de esolha, que possam cair livremente, que possam aprender por eles algumas coisas...
Bem, se calhar não somos assim tão maus... da horta conseguimos ver o parque e vamos vendo e ouvindo o que se passa...
Nesta coisa do tempo concordo com a Carla... É importante que saibam que estamos presentes, é importante tenham alguns momentos exclusivos de atenção (como acontece quando se conta/ouve uma história), é importante deixa-los participar nas nossas tarefas se mostrarem interesse...

É importante fazermos o que é melhor para nós os nossos...
É importante não julgarmos os outros pelas suas escolhas... Podemos discordar, mas não é da nossa conta, certo? Mesmo que a visão dessa pessoa seja partilhada publicamente, certo?

E é isto, por hoje... Muito mais havia a dizer, sobre tempo, alimentação, parentalidade, maternidade... Mas hoje não...

Até breve!

19 comentários:

  1. Há de facto muitos moralismos sobre o que se deve fazer ou não, como se deve fazer, o que comer e etcs...desde que funcione connosco, te tenhamos filhos educados, equilibrados, que comam de tudo isso é que interessa. Percebo que a perfeição seja algo que uma pessoa pode almejar mas com os tempos que correm nem para isso há tempo. O importante é ser feliz, mesmo que isso signifique comer chocolate.

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    1. :)
      Sim, verdade, mesmo que signifique comer chocolate!
      Beijinho e bom fim de semana!

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  2. Há sempre um dedo a apontar. O que interessa é a nossa própria consciência.

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    1. No fim do dia, o que interessa é mesmo a consciência que colocamos na almofada...
      Se estivermos bem resolvidos com as nossas decisões, independentemente do que os outros possam dizer e pensar, estamos bem! E o "resto é paisagem"...
      Beijinhos e bom fim de semana!

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  3. Haverá sempre alguem a criticar e a não achar correcto as atitudes e modo de cada familia, de cada um. Somos seres diferentes, e ainda bem que assim o é. Acredito que cada um escolhe e tenta viver da melhor forma possivel. Dizem que somos o que comemos, mas não há perfeição possivel.

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    1. Sim, a diferença é enriquecedora! E as teorias e modos de vida não se aplicam todos a todos... Familias diferentes, realidades diferentes, métodos diferentes...
      Acho que o desafio é sabermos aceitar as diferenças e respeitarmos as diferenças dos outros... Se quem está à minha volta só come "bolachinhas de milho", por mim tudo bem, desde que não me chateiem porque estou a comer um bolo, ou outra coisa qualquer que não entre nos padrões deles...
      em relação a tudo, seja alimentação, educação ou o que for, nunca perder do foco a velha máxima "a minha liberdade acaba onde começa a liberdade do outro"...
      Beijinhos e boa semana!

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  4. Gostei muito de ler estaa palavras e deixou-me a pensar, principalmente na parte em que as crianças não comem as gomas sofregas... tenho um menino, com 28 meses e NUNCA comeu gomas, sabe o que é "cucholate" (chocolate!), nunca comeu um rebuçado, já provou um chupa e não comeu todo...e as minhas razões são, além de tentar dar-lhe uma alimentação saudável, queria evitar que ele fosse dependente de açúcar como eu.. virei espreitar aqui mais vezes *

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    1. :) São formas e abordagens diferentes para atingirmos o mesmo fim... Que os pequenos se alimentem melhor... que possam ter as suas experiencias e "asneiritas" pontuais, mas que não seja a regra...
      Acho que a "minha chamada de atenção" para permitir/deixar experimentar foi em conversa com uma colega minha, em que ela, tudo o que é doce é proibido em casa e não deixa que ninguem dê aos filhos... Até aí, tudo bem, mas em algum ponto deixamos de controlar tudo... A educadora do filho colocou um pai-natal de chocolate na mochila de todos os meninos, e ela só encontrou a prata do chocolate e o filho com a boca suja...
      Não quer dizer que com a minha abordagem isto não aconteça... mas tento que experimentem e tenham confiança para pedir/experimentar/perguntar...

      No findo, todas procuramos o mesmo, certo?
      Beijinhos e volta sempre!

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  5. Dois temas a meu ver bastante interessantes , vou dar a opinião sobre a alimentação porque sobre o tempo já sabes :))))
    Acho que ninguém pode viver paranóico e proibir os filhos de comer um doce de vez em quando , mas a questão é essa mesma = de vez em quando , porque hoje em dia as lancheiras das crianças estão cheias de produtos embalados e pouca fruta . Claro que há dias de festa, dias especiais ou dias que apetece ... o que não pode ser é apetecer todos os dias nem serem dias especiais e de festa todos os dias .
    Como tu disseste e bem , se os proibirmos eles vão fazer nas costas ;) Mas também todos temos que saber é que realmente o açucar é um grande inimigo e somos nós os responsáveis pelas nossas crianças e somos nós que temos que dar o exemplo .
    Beijinhos

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    1. :)
      O Açucar é inimigo, o sal, a carne, o peixe... Acho que hoje em dia, de uma forma ou de outra tudo faz mal... E quando digo isto não estou a gozar, como às vezes pensam...
      Há uns tempos (talvez um mês atrás) tive num workshop em que falavam de conservantes e aditivos usados... E enquanto nos alimentos temos a referência "dose diária recomendada" nesses outros produtos têm um conceito (que agora não me lembro do termo técnico) mas que se refere à dose que um individuo pode consumir ao longo da vida até que esse produto provoque algum dano na saude. O conselho do formador era "variar o mais que puderem" pois diferentes produtos têm diferentes aditivos - produtos processados ou não.
      E se pensarmos no ciclo de vida de um produto não processado - carne, peixe, vegetais - não estamos a pensar em aditivos pois não são produtos processados... Mas a realidade pode ser assustadora...
      Há relativamente pouco tempo promovia-se o consumo do salmão, pois era um peixe rico em omega 3 entre outros beneficios... a maioria do salmão que se encontra à venda não é salmão de mar aberto, e os beneficios anunciados não se encontram nesse salmão...
      Somos o que comemos, mas não é fácil saber o que comemos...
      Pode ser que um dia consiga escrever uma reflexão sobre o ciclo dos produtos... desde a sua produção até à prateleira do supermercado e respetivos rotulos...
      Beijinhos e desculpa o testamento...

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  6. Os meus são grandes e se errei, está errado. Tentei ser "boa mãe", mas se o fui sempre, não!
    Sem demasiadas teorizações cresceram como gente equilibrada e autónoma. Se voltasse atrás mudaria muita coisa , mas continuaria a errar!
    Acho que se reflete excessivamente sobre um tema que é apenas natural e tão velho como o mundo. Que cresçam saudáveis sentindo-se amados é o mais importante.
    Agora se quiser teorizar, só se for para os netos.
    Não ajudei, pois não!?
    beijo

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    1. :) Fizeste o que era melhor para os teus, com o conhecimento/experiencia/intuição que tinhas no momento... Acho que é assim com todos... Acho que em algum ponto mudavamos sempre qualquer coisa, mas na altura em que a ação foi tomada, era o melhor que tinhamos, com a informação do momento...
      E disseste uma coisa muito importante "Que cresçam saudáveis sentindo-se amados é o mais importante"... Que desenvolvam autonomia, que aprendam a pensar pela sua cabeça, que sejam o melhor que consigam...
      E sim, ajudaste... Partilhaste a tua vivencia e isso é importante!
      Beijinhos!

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  7. Gostei muito de ler estaa palavras e deixou-me a pensar, principalmente na parte em que as crianças não comem as gomas sofregas... tenho um menino, com 28 meses e NUNCA comeu gomas, sabe o que é "cucholate" (chocolate!), nunca comeu um rebuçado, já provou um chupa e não comeu todo...e as minhas razões são, além de tentar dar-lhe uma alimentação saudável, queria evitar que ele fosse dependente de açúcar como eu.. virei espreitar aqui mais vezes *

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  8. Eu tento guiar-me pelo bom senso, ou pelo menos pelo que me parece correcto na altura. Cá em casa há regras para os doces, que se foram transformando em hábitos ... Mas acho que há informação a mais que confunde ... num dia o salmão é o melhor peixe do mundo no outro o mais tóxico de todos, e nós vamos andando ao sabor do que nos dizem e perdendo a capacidade de raciocínio e de vontade própria, porque a fachada do politicamente correcto é fundamental para se ser aceite em sociedade... haja paciência... Tento não criticar, mas fico arrepiada quando uma professora me diz que há meninos que diariamente levam para a escola pacotes de batatas fritas e bolicaos ou quando ouço na televisão que há crianças que não bebem água (?!?!? meu deus ...) ou que não comem fruta porque não gostam ... e depois há o oposto, que são os radicalismos ...
    Ás vezes parece que falta o meio-termo, não é? :)
    beijinhos

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    1. Era tão bom o meio termo... Era o ideal...
      Mas parece que a pressão social não deixa espaço para o meio termo...
      Beijinhos

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  9. Olá, li com muito agrado o texto, parece que temos que estar sempre a justificar tudo, nem sempre as coisas são o que os outros imaginam.
    Tenho uma amiga que sofre de obesidade e diz que não tem coragem de comer um gelado em publico, pois toda a gente olha e alguns até comentam. O que é que ela faz? Compra-os e come as escondidas em casa. Acho tão triste, que alguém tenha que se esconder para fazer algo tão simples como comer um gelado, mesmo sendo obeso e os olhares recriminadores não ajudam nada, ela come os gelados na mesma.
    beijinhos

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    1. :)
      Compreendo... Não é fácil estar fora dos padrões/esteriotipos criados...
      Não é facil mostrar é diferente, que se pensa de maneira diferente, que se age de maneira diferente...
      Infelizmente...
      Todos devemos ter o nosso espaço, e respeitar o dos outros... Podemos até não acreditar/aceitar alguma coisa/algum comportamento, mas simplesmente, se não é da nossa vida, ou da nossa familia, simplesmente não nos diz respeito...

      Beijinhos e obrigada pela visita!

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  10. Sem dúvida. As caixas de comentários de muitos sites e até blogues estão cheios de comentários críticos. A minha postura é: se não gosto/não concordo, não comento. (Diz a boa educação que quando não se tem nada de bom a dizer, mais vale ficar calado). Se a minha discordância for mais profunda, não volto - simplesmente deixo de ler aquele blog/site que não tem relação com os meus valores. Mas não vou impor a minha forma de ver o mundo a mais ninguém.
    Um beijinho e boa semana.

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    1. :)
      A meu ver, essa é a postura correta...
      Beijinhos!

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